quarta-feira, 18 de abril de 2012

O milagre de uma família


Aquele modesto casal, meus pais, Manoel Caetano Alves e Joana Barbosa Alves, apesar de todas as limitações, no começo de 1915 estava se unindo pelos laços matrimoniais. Naquele início do século XX, nem se falava em controle de natalidade. Seguindo o costume da época, ao casal os filhos foram chegando em espaços aproximados de 20 meses de um para o outro. Ante essa realidade, as condições de vida iam se tornando cada vez mais precárias e difíceis. As crianças iam crescendo e lhes faltava tudo. Nem mesmo escola freqüentavam, porque os pais moravam em zona rural, onde naquele tempo nem se pensava em educação dos filhos.

            Premido pela responsabilidade de oito filhos e esposa, aquele pai de família saiu para trabalhar em uma fazenda distante. Ali contraiu febre amarela e teve de voltar andando para sua casa, sem qualquer tratamento. A doença foi-se agravando, e ele veio a falecer aos 55 anos de idade.

            Sua jovem esposa, que era 15 anos mais nova do que ele, teve de assumir, agora, a responsabilidade de pai e mãe ao mesmo tempo. Nada de herança, casa de residência ou pensão. O filho mais velho estava com 14 anos de idade,  e os demais formavam uma escadinha até a faixa de seis meses.

            Aquela senhora, que era de bela aparência, encontrou muitas insinuações para desviar-se de sua conduta de viúva. Mas ela, heroicamente, permaneceu na disposição de cumprir a grande missão de cuidar de seus filhos.

            Todos sobreviveram saudáveis, apesar das grandes carências e dificuldades. Alguns estudaram um pouco, chegando a sair do analfabetismo. Os homens conseguiram profissionalizar-se. As quatro filhas casaram-se. No contexto dessa luta pela sobrevivência, ninguém deixou de ter, todos os dias, o pão de cada dia, o vestuário, o agasalho e o essencialmente necessário à vida.

            Dos homens, dois conseguiram fazer curso superior, sendo um advogado e outro jornalista e Pastor Evangélico. Enquanto escrevemos este texto, todos ainda vivem, superando totalmente as carências do tempo, e da infância e da adolescência.

            Tal milagre aconteceu graças à firmeza daquela viúva fiel e à providência divina. “Nunca vi o justo desamparado nem a sua descendência a mendigar o pão” (Salmo 37:25).

(trecho do livro O caminho da vida - no momento 3 irmãos já estão na Glória com o Senhor).
 


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