Há ...60 anos continuamos nos
casando.
Não
temos a menor ideia, Irenita e eu, do tempo exato em que começamos a nos
casar. Segundo o calendário, nosso
enlace aconteceu em 12 de maio de 1951. Mas, na realidade, teve início em tempo
que não pode ser definido. Desde então
prossegue sendo constantemente preservado como um dos valores da vida.
Conforme
as normas gramaticais os três pontinhos da reticência servem para indicar algo
que vem adiante. Aqui, porém, a
reticência assinala alguma coisa anterior.
E esse retrospecto pode indicar longe ou perto, não havendo condições
para se estabelecer a distância.
A
propensão para o casamento começa no mais profundo do ser, tanto no homem como
na mulher, ainda no estado embrionário da existência. Mas não é uma obra acabada como um utensílio doméstico
que se compra na loja. Depende do
cultivo como quem planta um jardim ou educa uma criança.
A
união conjugal há de ser vivenciada ao longo de sua existência, e, por estranho
que pareça, até depois da morte de um dos cônjuges, nas gerações futuras.
Para
que o casamento perdure é imperativo que haja plena consciência de sua
realidade e do seu valor. Há,
infelizmente, união conjugal fortuita, leviana, descuidada como se fosse
acidental. Acontece como quem sorve o
vento ou bebe um copo de água. Leve como
uma pena, desfaz-se como bolha de sabão.
Quando
nos casamos recebemos de pessoa amiga o pequeno livro Basta o Amor? Nele se ressalta a necessidade de, além dos
valores espirituais como o amor e a fidelidade, seja enfatizada também boa
segurança econômica. Aceitamos o desafio
e a advertência do livro.
No
decorrer desses anos muita coisa nos faltou em termos de bem estar e
conforto. Vivemos modestamente. Mas, o essencial, pela graça de Deus, jamais
nos faltou, incluindo ajuda para a educação dos filhos. Todos alcançaram nível superior de
escolaridade.
A vida, no seu conjunto, não é enfrentada como
quem achou um tesouro escondido. Há de
ser construída com intenso labor como quem trabalha no garimpo, visando a
pérola de grande preço: a estabilidade matrimonial, que, por sua vez, produz o
fruto – família feliz. (texto escrito o ano passado por ocasião das bodas de diamante)
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