Foi no tempo do Império Romano. Um jovem foi processado e condenado sob a acusação de lesa-pátria. O juiz acabara de pronunciar a sentença de morte e os executores preparavam-se para dar cumprimento a determinação superior.
Achava-se na sala do tribunal um irmão mais velho do réu, o qual, em muitas e penosas batalhas havia servido sua pátria em países longínquos. Nas grandes lutas o bravo moço havia perdido ambos os braços, intercedeu eloquentemente a favor do réu. Em sua intercessão não procurou diminuir ou atenuar a enormidade do crime do seu irmão, mas apresentou seus próprios braços mutilados como o merecimento que o credenciava a fazer aquele pedido.
Confessou fracamente que seu irmão era um indigno, que era traidor e merecia morrer, mas em nome do que ele próprio havia feito pela pátria, implorava que se poupasse a sua vida.
Atentando para o sacrifício feito por aquele jovem, e ouvindo a sua palavra, o juiz se deu por satisfeito e, em atenção a tão altos e sublimes feitos, concedeu pleno perdão ao réu que já havia sido condenado
Esta é a credencial que Jesus apresenta para a redenção do homem perdido e condenado. Ele mesmo morreu por nós. Esta é a prova da sua misericórdia e bondade. A salvação e felicidade eterna do homem pecador dependem do sacrifício expiatório realizado pelo Filho de Deus.
Estava determinado desde tempo remotíssimos que assim devia ser. A morte do Messias Divino devia ser o fator da nossa redenção. Eis porque escreveu muito antes da sua vinda o profeta Isaías: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados" (53:4)
Pode alguém objetar como injusta a atitude de Deus em permitir que seu Filho tomasse o nosso lugar. A resposta é que ele o fez voluntariamente. Vindo ao mundo, para a morte na cruz, marchou resolutamente, na plena consciência do sacrifício que havia de experimentar e da árdua missão para a qual estava cometido a desempenhar, embora houvesse todas as possibilidades de dela fugir.
Outra objeção seria que um homem sozinho não poderia levar as transgressões de número sem conta de pecadores. A isso considere-se que a ação substitutiva de Cristo não foi apenas de um homem como indivíduo. Ele, sendo Deus e homem ao mesmo tempo, não agiu apenas como uma pessoa. Nele estava a raça humana, visto que "todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez"(João 1:3). Como nele estava a humanidade na criação, estava também na possibilidade de tornar-se o seu substituto, conforme a sua vontade.
(publicado no folheto dominical da Primeira Igreja Batista de Mairiporã, SP)
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