Por
estranho que pareça, encontramos na Bíblia esta declaração: “Como príncipe,
lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste” (Gênesis 32: 28). A referência
é ao patriarca Jacó, depois de intensa luta para receber de Deus uma bênção em
momento de perigo.
Jacó, depois de longos anos, ia
encontrar-se de novo com o seu irmão Esaú, a quem ele muito temia pelos males
que lhe havia causado. Agora estava dominado pelo pavor e remorso. Sabia que o
irmão vinha ao seu encontro com quatrocentos homens. O temor o dominava.
Presumia que seu irmão ainda estivesse possuído de ódio, como estava quando foi
por ele prejudicado em seus interesses.
Temendo assim Jacó a morte, bem como a
de toda a sua família, enviou ao mano desafeto, para aplacar a sua ira, um
generoso presente de cabras, ovelhas, vacas, camelos e jumentos, num total de
580 semoventes. Mas, não confiando apenas em suas gestões diplomáticas, tratou
de buscar também a proteção de Deus. Ficou, portanto, sozinho no vale de
Jaboque e orou durante toda a noite.
É aí que se dá o seu encontro com o Anjo
do Senhor. Trava-se uma batalha. Jacó implora do Senhor uma bênção, a fim de
que, tranquilo, pudesse prosseguir em sua jornada. Pede, suplica, roga e chega
mesmo a angustiar-se em sua profunda oração.
O Anjo do Senhor tenta deixá-lo, mas o
patriarca a ele se apega, num esforço desesperado, até que de Deus recebe a
bênção desejada. É nesse momento que o nome de Jacó é mudado para Israel,
porque, diz o texto sagrado, o servo do Senhor lutou com Deus e foi vitorioso.
Entendem os estudiosos da Bíblia que
naquele Anjo de Deus estava Jesus Cristo em sua preencarnação. É uma das vezes
em que o Filho de Deus aparece no Velho Testamento. E aquele foi também um
momento decisivo na vida do patriarca Jacó, quando se consolidou a sua
confiança em Deus.
Isso foi marcante em sua vida porque
ele, num momento de grande angústia, não confiou apenas nos seus expedientes,
mas buscou, como recurso final, a força de Deus e sua proteção. Exemplos
semelhantes encontramos em todas as Escrituras e na experiência humana.
Confirma-se, deste modo, a afirmação do Livro Santo: “Deus é o nosso refúgio e
fortaleza, socorro bem presente na tribulação” (Salmo 46:1).
Vale a pena ler-se na Bíblia a
grande vitória alcançada por Jacó, fruto de sua confiança em Deus e os grandes
favores que recebeu dos céus na continuação de sua jornada. Deus o conduziu à
presença do seu irmão que antes, cheio de ódio, prometera vingança de morte. O
encontro foi feliz e pacífico, e aqueles dois irmãos desafetos passaram a viver
de novo em perfeita harmonia.
O Deus de Jacó é o mesmo Deus do presente.
O Deus de Jacó é o nosso refúgio.
(do livro O caminho da vida)
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