quarta-feira, 17 de abril de 2013

UM HOMEM LUTOU COM DEUS


        Por estranho que pareça, encontramos na Bíblia esta declaração: “Como príncipe, lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste” (Gênesis 32: 28). A referência é ao patriarca Jacó, depois de intensa luta para receber de Deus uma bênção em momento de perigo.

        Jacó, depois de longos anos, ia encontrar-se de novo com o seu irmão Esaú, a quem ele muito temia pelos males que lhe havia causado. Agora estava dominado pelo pavor e remorso. Sabia que o irmão vinha ao seu encontro com quatrocentos homens. O temor o dominava. Presumia que seu irmão ainda estivesse possuído de ódio, como estava quando foi por ele prejudicado em seus interesses.

        Temendo assim Jacó a morte, bem como a de toda a sua família, enviou ao mano desafeto, para aplacar a sua ira, um generoso presente de cabras, ovelhas, vacas, camelos e jumentos, num total de 580 semoventes. Mas, não confiando apenas em suas gestões diplomáticas, tratou de buscar também a proteção de Deus. Ficou, portanto, sozinho no vale de Jaboque e orou durante toda a noite.

        É aí que se dá o seu encontro com o Anjo do Senhor. Trava-se uma batalha. Jacó implora do Senhor uma bênção, a fim de que, tranquilo, pudesse prosseguir em sua jornada. Pede, suplica, roga e chega mesmo a angustiar-se em sua profunda oração.

        O Anjo do Senhor tenta deixá-lo, mas o patriarca a ele se apega, num esforço desesperado, até que de Deus recebe a bênção desejada. É nesse momento que o nome de Jacó é mudado para Israel, porque, diz o texto sagrado, o servo do Senhor lutou com Deus e foi vitorioso.

        Entendem os estudiosos da Bíblia que naquele Anjo de Deus estava Jesus Cristo em sua preencarnação. É uma das vezes em que o Filho de Deus aparece no Velho Testamento. E aquele foi também um momento decisivo na vida do patriarca Jacó, quando se consolidou a sua confiança em Deus.

        Isso foi marcante em sua vida porque ele, num momento de grande angústia, não confiou apenas nos seus expedientes, mas buscou, como recurso final, a força de Deus e sua proteção. Exemplos semelhantes encontramos em todas as Escrituras e na experiência humana. Confirma-se, deste modo, a afirmação do Livro Santo: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação” (Salmo 46:1).

            Vale a pena ler-se na Bíblia a grande vitória alcançada por Jacó, fruto de sua confiança em Deus e os grandes favores que recebeu dos céus na continuação de sua jornada. Deus o conduziu à presença do seu irmão que antes, cheio de ódio, prometera vingança de morte. O encontro foi feliz e pacífico, e aqueles dois irmãos desafetos passaram a viver de novo em perfeita harmonia.

        O Deus de Jacó é o mesmo Deus do presente. O Deus de Jacó é o nosso refúgio.

 (do livro O caminho da vida)

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