domingo, 2 de junho de 2013

ÁRVORES QUE ANDAM


O homem que contemplou esta cena era cego. Ver os homens como “árvores que andam” foi sua primeira sensação de capacidade visual. Foi uma noção estranha que não pode ser entendida à primeira vista. Acompanhe, entretanto, o leitor esta exposição e descobrirá o segredo desta visão de árvores que andam.
            O homem habitava num lugar chamado Betsaida. Ali chegara Jesus, como sempre, realizando prodígios e milagres em atendimento aos necessitados que o procuravam. O cego foi levado à presença do Divino Salvador. Ao primeiro toque de sua mão, pôde ele alcançar algum vislumbre da realidade do mundo. Teve assim a primeira noção visual do mundo exterior.
            Bem podemos imaginar seu estado emocional naquele momento em que seus olhos se abriam pela primeira vez. Estava ele “fora da aldeia”, ao que parece, a sós com Jesus. Ao ser interrogado pelo Filho de Deus se via alguma coisa, seus olhos, ainda desacostumados à visão do mundo, teriam se fixado nos galhos das árvores balançados pelo vento. Desorientado pela emoção, sua resposta é aquela que aparece no Evangelho de Marcos: “Vejo os homens, pois os vejo como árvores que andam”.
            Logo depois o Mestre Divino põe sobre ele novamente sua mão. Tal atitude de ternura tem o poder de amenizar sua tensão nervosa, fazendo-o voltar a uma observação mais atenta. Agora, o homem se refaz em sua emoção. Em um momento recompõe o quadro, para ele inteiramente novo, com as noções que, antes em sua cegueira, podia apenas imaginar. Já os homens agora, não são mais árvores que andam. Por isso registra o texto sagrado: “Já via ao longe e distintamente a todos”.
            O fato mencionado na Escritura sem qualquer interpretação traz-nos lições de inestimável valor. O homem, em sua cegueira espiritual, tem noções completamente deturpadas de Deus, do mundo e do seu próprio semelhante. Aos primeiros contatos com a revelação divina, começa a melhorar sua compreensão de Deus e sua relação com o universo.
            Isso, porém, nem sempre é adquirido de um momento para o outro. Em etapas mais ou menos longas, sua compreensão vai-se aclarando às sublimes realidades do espírito. De princípio sua visão que mostra criaturas humanas como seres brutos ou “árvores que andam” se aperfeiçoa na contemplação distinta de todos. Agora Deus, o mundo e os homens são vistos sob o prisma de uma realidade perfeita.
            Paulo, o apóstolo, fala de um véu que é tirado dos olhos daquele que se converte ao Senhor. Sua visão completa e perfeita de tudo dá-lhe oportunidade de seguir pelo caminho que o conduza à felicidade.
            Bem pode todo aquele que crê em Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor dizer como um outro cego encontrado pelo Filho de Deus: “Uma coisa sei. Era cego e agora vejo”.
(do livro O caminho da vida) 

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