O
Cristão de hoje pode avistar um horizonte largo. Não tem mais de abrir picada
estreita, através da densa floresta. Pelo contrário, há diante dele um caminho
aberto pela experiência dos que já se foram.
O servo de Deus desta dispensação é bem
mais feliz do que o de épocas remotas. Na epístola aos Hebreus encontramos uma
galeria de heróis que viveram e morreram pelos ideais que hoje desfrutamos. Todos
avançaram através de experiências amargas e difíceis, tendo eles mesmos de
abrir o caminho para a sua peregrinação.
Olhando aqueles heróis para a frente,
nada podiam ver. Andaram somente pela fé e não pela vista. De nada do que temos
hoje, como bússola a nos nortear, eles dispunham. Tudo era incipiente, esboço,
projeto apenas. As verdades divinas, tão claras hoje aos que conhecem o
Evangelho pela confirmação das Escrituras, eram para eles apenas sinais
inexpressivos. O edifício da redenção, tão bem construído e acabado ao ensejo
do ministério de Cristo, era para aqueles bravos do Antigo Testamento apenas o
começo de uma planta mal esboçada.
Mas eles, naquelas representações
imperfeitas de um cordeiro, um novilho sacrificado, um holocausto feito pelo
sacerdote, puderam ver a glória da redenção futura, que em Cristo havia de ser
consumada. Tudo era apenas sombra pálida e imperfeita da grande realidade que
havia de se projetar no futuro. Tinha cada símbolo para eles uma viva mensagem
de fé e esperança, e sob a luz dessa visão puderam marchar confiantes.
Nós, porém, não olhamos mais para uma
simples promessa, mas para uma sublime realidade. Temos no cristianismo uma
obra consumada. Cristo já fez pelo homem o que para os nossos antepassados era
apenas uma longínqua esperança. Diante de tudo isso, nossa fé está alicerçada,
não apenas no que há de acontecer, mas no que já aconteceu. Assim, o Evangelho
não é para nós o que foi para Abraão, Isaque, Jacó e tantos outros - uma
promessa distante - mas uma esperança que se tornou realidade, e vai se
projetando para o futuro.
O Evangelho de Cristo é, deste modo, um
caminho aplainado. Quem segue por essa luminosa estrada não tem razão para ser
assaltado pela dúvida. Há uma “nuvem de testemunhas” que antes de nós já
percorreu esse caminho santo, alcançando a promessa divina para a sua redenção.
Feliz é o homem que, encontrando esse
caminho aplainado, segue por ele sem hesitação alguma até o encontro com o seu
destino eterno.
(do livro O caminho da vida)
Nenhum comentário:
Postar um comentário